Hoje completam-se oito dias do seu desaparecimento.
Até agora nenhuma pista concreta que oriente as investigações.
De início, quando tudo aconteceu, o susto, o espanto, o desespero... Como? Pulou de uma ponte alta, nadou , saiu do rio ,assentou-se à margem... Ao cair da tarde daquela quarta-feira e à noite angustiante que se sucedeu, nada praticamente pode ser feito, até que os parentes e amigos ao serem informados aparecessem na região e dessem início às buscas.
Teria ele voltado para o rio e se afogado? Teria se embrenhado na mata ?
As buscas inicialmente se concentraram no rio e com a vinda de soldados do corpo de bombeiro e de um pescador da região, o rio foi percorrido à procura de vestígios e ,passou um dia, nada, outro dia nada, mais um dia... nada . Os bombeiros praticamente descartaram esta possibilidade e se iniciou a busca foi pelo ar. Um helicóptero, no domingo à tarde, começou seu trabalho e... nada!
E a busca por terra? Esta ficou por conta dos familiares e amigos, que incansáveis, passaram um pente fino na região, distribuindo cartazes, praticamente indo de porta em porta...
Começam a aparecer pistas... Alguém viu uma pessoa com as características dele aqui, outra viu acolá... A esperança ganha forças no coração daqueles que o amam e as pessoas vão se revezando em seus esforços, movidos pela emoção, à procura da comprovação tão desejada.
Nada!
Aparece uma camisa numa guarita de ônibus próxima,com todos indícios de ser dele. Escura, camisa ainda nova, o odor semelhante ao odor de suas roupas, uns garantem que é dele. Como ter certeza? Nenhuma foto à mão, não era 100% de certeza.
Como ter certeza? Cães farejadores quem sabe? Cadê eles ? No canil. Todos os esforços dos amigos e família para que fossem enviados os cães para procura por terra, enquanto a possibilidade dele estar por perto era grande, não deu frutos e o tempo se passou. Perdemos esta possibilidade...
A divulgação tímida a princípio vai ganhando força na mídia local e proximidades, via rádio, jornais locais, portais da internet... Uma reportagem da rede Record, entrevista na Itatiaia, publicação em jornais de maior circulação... A notícia se irradia , aumentando o círculo de ação também da família que passa a procurar mais longe, pensando na hipótese dele pegar uma carona com algum caminhoneiro, nesta estrada que é um corredor para tantos lugares.
Começam a aparecer mais pistas, desta vez mais longe, Realeza, Manhumirim...
Poderia ter Vinícius pego uma carona ou ainda estaria ali por perto, se alimentando de frutas ? Estaria ele se deslocando daqui para ali ou quieto em algum lugar ?
Na verdade, a busca tem sido principalmente pelos amigos e familiares que indo até o limite da exaustão, não medem esforços para encontrá-lo. Quem está perto, disponibiliza carros, motos, ajuda política... Quem está longe, usa a internet, divulgando no Facebook, portais de notícias, Twiter, Youtube...
Infelizmente, nosso querido Vinícius, músico ainda batalhando por um espaço junto com sua banda, não foi merecedor de atenção por parte da grande mídia nem das autoridades competentes. Fosse ele famoso, a história seria outra e teríamos câmaras e holofotes.
Sem contar os inconvenientes da ampla divulgação: pistas vagas e falsas, trotes e telefonemas querendo colher informações pessoais da família sabe se lá com que intuito, comentários imbecis na internet...
Passando por todo este sofrimento, a família ainda está sujeita a isto... Mas ainda bem que não é por parte da maioria. As mensagens de incentivo, correntes de oração, ações concretas daqueles que querem ajudar são em maior número.
Mas hoje encerra-se o trabalho do Corpo de Bombeiros. O desalento chega aos nossos corações, pois iniciamos uma nova fase do seu desaparecimento. A volta para casa de mãos vazias é dolorosa. Contar com ajuda profissional, contar com o acaso de realmente aparecer uma pista certa sabe-se lá onde... Ou até mesmo o silêncio da falta de resposta ...
Frustração, impotência, tristeza, incertezas...
Onde está Vinícius ?
Temos que nos preparar agora para continuar com as buscas , mas não da forma desesperada e urgente dos primeiros dias. Agora é hora de continuar com calma, prudência, planejamento, preparando-nos para lidar com a difícil tarefa de ir levando as nossas vidas com este vazio que fica.
Rogéria Carvalho (prima)